Dilma toma posição: ela é contra união de gays e aborto
Candidata à Presidência se reúne com parlamentares e líderes evangélicos e se compromete a deixar sua opinião registrada em uma carta à população
Brasília - A 18 dias das eleições, a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) se comprometeu a assinar uma carta aberta à população deixando clara sua posição contra o aborto e o casamento entre homossexuais. A decisão foi tomada depois que ela e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participaram de uma reunião de quase uma hora com líderes evangélicos, em Brasília.Dilma prometeu que, se eleita, não vai mandar para o Congresso e nem sancionar projetos de lei que mudem a atual legislação em relação ao aborto e ao casamento de homossexuais.
Dilma se reuniu com líderes religiosos em Brasília e Serra fez campanha ontem em Porto Alegre, onde pediu apoio do PMDB, coligado nacionalmente com o PT | Fotos: AFP
“Não vamos enviar nenhuma lei deste tipo para o Congresso com relação a lei do aborto e outras. Ficamos de discutir os termos de uma carta compromisso. Agora, o grande compromisso que assumo é que o Estado é laico e não vai interferir em questão religiosa. O Estado não será uma religião”, disse Dilma.A reunião foi organizada pelo ex-bispo e senador reeleito Marcelo Crivella (PRB), que, procurado pela petista após o resultado do primeiro turno, prometeu liderança frente aos evangélicos para angariar votos e agir para combater boatos que tentam fazer os eleitores acreditarem que Dilma é a favor do aborto.
“Vamos tratar de desmistificar todos esses boatos que estão penetrando as igrejas e enganando pessoas crédulas e bem intencionadas. Esta onda de boatos não constrói o Brasil. Ao contrário, pode até trazer um cisma, o ódio entre as religiões, que é o que a gente menos quer”, afirmou Crivella. Ele contou que lideranças religiosas darão testemunho em defesa da candidatura de Dilma.
Ao falar do Projeto de Lei 122/2006, que criminaliza a homofobia, a petista fez questão de ressaltar que é necessário respeitar os dogmas das igrejas e não exigir que seus seguidores aceitem um posicionamento contrário ao que eles acreditam.
“A união civil diz respeito ao direito civil dos cidadãos. Outra coisa é o casamento entre homossexuais ou quaisquer outras opções sexuais. Isso diz respeito às igrejas. Ninguém pode interferir nisso. Dentro das igrejas é problema das igrejas. Não posso dar direito a uns e tirar de outros. A parte relativa a condenar o preconceito contra o homossexual nós todos temos que endossar. Agora, a parte relativa a criminalizar as igrejas é um absurdo”, disse.
O presidente da Assembleia de Deus de Madureira, bispo Manoel Ferreira, que também participou do encontro, disse que sua denominação religiosa vai agir com veemência contra a “‘cadeia de boataria”, orientando os fiéis nas igrejas.
Comitê Evangélico pró-Dilma é criado no Espírito Santo
Lideranças evangélicas do Espírito Santo se reuniram, ontem, para formular estratégias da campanha a favor da petista. A exemplo do que artistas e intelectuais estão fazendo —no Rio, um grande evento no dia 18, irá oficializar o voto da classe artística à candidata do PT — eles criaram o Comitê Evangélico Pró-Dilma.
A estratégia para todos os municípios do Espírito Santo, é promover bandeiraços, caminhadas e conversas com fiéis. No Espírito Santo, a petista foi a candidata mais votada e, além disso, ela tem o apoio do governador eleito Renato Casagrande (PSB), que teve quase 83% dos votos válidos.
O coordenador do comitê, Alcemir Pantaleão, pastor da Igreja Evangélica Peniel, disse que o objetivo é acabar com uma “seara de boatarias” em relação à candidata. A mobilização ocorre depois de Dilma ter sido alvo de ataques de evangélicos sob acusação de que defende o aborto.
Para o vice-governador eleito Givaldo Vieira (PT), o principal desafio é vencer a onda de boatos em torno da candidatura de Dilma. “As últimas falas dela e a mobilização que temos feito já têm sido positivas. Outro desafio é buscar a parcela de eleitores que votou em Marina Silva (PV)”.
Serra tenta, mas não consegue apoio de governador eleito no RS
Apesar da tentativa de aproximação, José Serra (PSDB) deixou o Rio Grande do Sul ontem sem a formalização do apoio do candidato derrotado ao governo do Estado, José Fogaça (PMDB). O tucano busca o apoio de Fogaça para sua candidatura apesar de o PMDB estar coligado com o PT em nível nacional.
Ao final do encontro, ambos afirmaram que não falariam sobre um eventual apoio. Durante a campanha na rua, Serra disse que, caso seja eleito, vai ser um presidente “próximo” do Rio Grande do Sul, estado onde a petista Dilma Rousseff iniciou sua vida pública e obteve vitória. Ela ficou com 46,95% dos votos válidos, contra 40,59% de Serra.
Também ontem, o candidato a vice de Serra, Indio da Costa (DEM), promoveu um encontro no Rio com lideranças políticas. Uma das estratégias definidas foi a de associar a imagem de Dilma à terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos que, segundo eles, apontam restrições às liberdades de expressão, imprensa e culto religioso. “A candidata de lá, que a gente pouco conhece, conta uma lorota; depois, fala para outro público e conta outra lorota. A gente nunca sabe qual é a posição dela”, disse Indio.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial